01 – Em São Paulo

 

Amo a cidade de São Paulo! Desde 2003 quando fui para a gravação do CD “Quero me Apaixonar”, do Diante do Trono da Igreja Lagoinha, que ocorreu no Campo de Marte, voltei em julho de 2005 (passeio e prova na FENEIS), dezembro de 2005 (acompanhar minha irmã no Consulado Japonês), janeiro de 2006 (passeio), julho de 2006 (passeio), setembro de 2006 (prova da prefeitura de Guarulhos), janeiro de 2007 (PROLIBRAS), setembro de 2007 (IV SIBD) e recentemente, 08 de dezembro de 2007 (Casamento da Débora e Marcos).

 

 

 

Meus hospedeiros foram vários: Débora Correia (Jd. São João – Zona Leste), Adriana e Glauco (Liberdade – Centro), tia Maria, tio Hélio e Elaine (Capão Redondo – Zona Sul), Adriana Yanaguita e família (Itaquaquecetuba), com passagem pela Casa Verde (Zona Oeste) na casa da Priscila e Marcus. Muitíssimo obrigado a todos, pela hospedagem, alimentação, préstimos de guias turísticos, atenção e carinho!

 

A primeira vez que fui à casa da Adriana e Glauco, peguei o metrô na Barra Funda (linha Vermelha) e desci na Estação Liberdade (Linha Azul), era uma sexta-feira a noite, parecia que acabava de adentrar a um filme japonês antigo; descendo à rua meio escura, iluminada por aquelas lamparinas típicas, era surreal para mim.

 

Dessa vez cheguei à Liberdade às 6h50 da manhã de terça-feira (18/09). Ao subir as escadas do metrô e sair à rua, eis que vejo um grupo de “batchãs” e “ditchãs” (vovós e vovôs, em japonês), todos uniformizados, praticando “radio taisso” – uma ginástica, com movimentos leves, guiadas pelos comandos dados pelo rádio (uma gravação, claro); mais uma vez me senti em terras japonesas.

 

Aproveitei para entrar no Bradesco e fazer o depósito da minha reserva no Albergue que ficaria no Rio de Janeiro. Depois fui para o apartamento da Adriana e Glauco.

 

Na tarde dessa terça-feira ocorreu a abertura do IV SIBD; de metrô tudo é muito fácil; Estação Liberdade, linha azul, baldeação na Estação Ana Rosa ou Paraíso para a linha verde, Estação Clínicas, caminhar alguns quarteirões e pronto, já estava no Centro de Convenções Rebouças. Nas manhãs de quarta e quinta-feira o fluxo era muito grande no metrô; para mim, era tudo muito divertido, inclusive, um episódio na manhã de quarta-feira, uma jovem senhora disse para apertar mais para poder entrar; responderam que não dava de dentro do vagão; foi o suficiente, ela disse: – Ah, quer ver!; e empurrou as pessoas como se empurra um volume de roupas numa máquina cheia e entrou!!!

 

O Seminário foi muito proveitoso, aprendi muito. Palestras internacionais e pela segunda vez nesse ano, usei o fone para tradução simultânea (a primeira foi em março, em São Carlos, com duas palestras em inglês). Dessa vez teve alemão e inglês; um palestrante oscilava entre o inglês e o espanhol.

 

Depois do encerramento do evento na quinta-feira às 18h00, Charlene, Tatiane e eu nos encontraríamos na catraca do metrô Brigadeiro (combinado de paulistano), às 19h00. Eu cheguei primeiro e esperei; depois de alguns minutos vendo gente entrar, gente sair, gente sem fim, de todos os estilos, sozinhos, acompanhados, em bandos… Charlene chegou. Andamos um pouco pela Avenida Paulista enquanto esperávamos a Tatiane. Entrei novamente no Shopping Top Center, no qual se encontra o Consulado do Japão, onde estive com minha irmãzinha (agora dekassegui), em dezembro de 2005.

 

Quando a Tatiane chegou fomos primeiro procurar o shopping de produtos importados; Charlene queria comprar um MP4 e eu uma máquina digital, afinal iria para a cidade maravilhosa na semana seguinte. Entramos em um lugar com muitas bancas, uma ao lado da outra, repletas de chineses e descendentes, tanto que era raro ouvir o Português ali… Charlene é uma ótima pesquisadora – em todos os sentidos (ah, não posso deixar passar despercebido, ela carregava um livro sobre Metodologia); perguntou, questionou as opções e vantagens; era quase 20h00, o shopping precisava fechar. Charlene levou o MP4 e eu não levei nenhuma câmera. A vendedora – chinesa, fechou o negócio, nos despedimos, eu acrescentei um “che che” (“obrigado” em Chinês), a chinesa admirou-se e sorriu e devolveu o cumprimento, só não lembro se em Português ou Chinês. Meu vocabulário em Chinês se resume a duas palavras: “che che” e “pá páin sô” (palmas ou bater palmas), graças ao Glauco, pastor de uma Igreja Presbiteriana Chinesa. Inclusive, na penúltima vez em São Paulo, tive a oportunidade de participar de um culto nessa igreja. É bilíngüe, com tradução consecutiva Chinês-Português-Chinês; as Bíblias todas em Chinês ficam à disposição nos bancos. Eu fico em estado de êxtase só de imaginar que pessoas podem ler tudo aquilo!!!

 

Saímos pela única portinhola aberta do shopping “chinês”, agora, à procura de um lugar para comer. Dentre tantas opções, escolhemos o “Rei do Mate”, até por que eu não conhecia. Antes, porém, teve um momento nostálgico e antológico da história pessoal da Tatiane, que nos parou em frente ao Citi Bank. “Lembro como se fosse hoje, eu era bem pequena e meu pai me parou bem aqui e disse: ´Filha, veja aquela porta que abre e fecha sozinha´, eu fiquei admirada. Sempre que passo por aqui me lembro desse dia”. “Nossa, Tati, que lindo! Vou escrever sobre isso”, a idéia era registrar para ficar para a posteridade, esse momento em que uma recordação particular foi compartilhada com os amigos. Feito está, Tati!

 

Esse encontro serviu como uma despedida também; Tatiane estava com viagem marcada para a Espanha; um ano de especialização na área de Biblioteconomia com bolsa integral concedida pelo governo espanhol; nas palavras de Tati “Um milagre de Deus”, estava radiante!!

 

Já sentados e com nossos lanches e mates conversamos sobre a vida… estudo, trabalho, viagens, de outros amigos – só falamos bem, de outras pessoas – falamos bem e não tão bem também, rsrsrs!! Tiramos fotos na câmera da Tati, afinal, eu ainda estava sem uma. Ela me mandou algumas, antes de ir para a Espanha, em meados de outubro.

 

Na sexta-feira a tarde (21/09), a mala iniciou sua pior maratona. Depois de alguns dias instalada calmamente na sala do apartamento da Adriana e Glauco, aguçando a curiosidade e criatividade do meu amiguinho Davi. Da Liberdade, fui até a Estação Tietê, na Rodoviária comprar as passagens de ida e volta para o Rio de Janeiro; partiria à 0h00 do domingo (23/09). Até aqui tudo bem! Nada mais tranqüilo que andar de metrô com uma mala com alça e rodinhas. O calvário começou quando passei para o trem e muitas baldeações para chegar até o terminal urbano em Capão Redondo. A cada estação entravam mais e mais pessoas… eu só pensava de onde saía tanta gente!

 

Andei pela segunda vez na nova linha lilás do Metrô até a Estação Capão Redondo; estava tão atordoado, ao descer no terminal urbano, ainda faltava pegar o ônibus para chegar na casa da minha prima Elaine, onde passaria o final de semana. Eu acreditava estar no terminal Capelinha, mas estava no terminal Capão Redondo; fui até os pontos, perguntei, voltei, entrei na estação de metrô novamente e perguntei para o guarda… estava completamente desorientado, desde as 16h00 viajando de metrô, trem, metrô… eram 19h30… eu deixava o guarda com sua pouca educação, quando senti minha bolsa ser puxada! Não se assustem, não era um assalto… era minha prima Elaine, voltando do trabalho. INACREDITÁVEL!!! Que sensação maravilhosa… e outra surpresa, Elaine estava grávida. Não sabíamos desse “pequeno” detalhe aqui no interior. Elaine e Flávio são pais do Leonardo que agora esperam o nascimento da Mariana, provavelmente em meados de janeiro; estava de 5 meses.

 

Sexta a noite, sábado e domingo conversei bastante com a Elaine e Flávio, brinquei bastante com o Leonardo, ajudei-o a fazer a tarefa, Elaine me ensinou a lavar roupa – algo tão simples quando se usa a máquina, rsrsrs. Eles fazem planos para se mudarem para o interior; Elaine é formada e trabalha na área de recursos humanos, atualmente trabalha numa empresa multinacional. No domingo a tarde, poucas horas antes da minha partida para a Rodoviária Tietê, eu e Elaine assistimos um DVD pirata que tinham emprestado. Filme brasileiro ambientado no Rio de Janeiro e todo fenômeno social que ocorre em seus morros e favelas. “Nossa, Elaine, que animador você colocar esse filme; amanhã estarei lá no Rio…”, brinquei com ela.

 

Comentando esse episódio do filme, já no Rio de Janeiro, só então tive consciência que se tratava do hoje tão comentado “Tropa de Elite”; devia estar tão desantenado que nem sabia se tratar de um lançamento e já assistia a cópia pirata!

 

Para voltar à Rodoviária Tietê não precisei fazer aquele caminho de ônibus, trem e metrô da sexta-feira 21/09; como boa paulistana, minha prima facilitou minha ida. O ônibus para o Rio de Janeiro sairia somente à meia-noite, mas antes das 8 horas da noite me despedi e ela, juntamente com o Leonardo me levou até o ponto de ônibus; logo passou o “Jabaquara”, que uma hora depois chegaria à Estação de Metrô com mesmo nome, linha azul, a mesma linha da Estação Portuguesa-Tietê. Bastava então esperar o horário do ônibus.

 

Porém, “bastava” não foi exatamente o sentimento que me tomava, sentado naquela imensidão da Rodoviária Tietê; nem era essa grandiosidade que me assustava, afinal, lá possui um sistema muito interessante de publicidade, televisões de plasmas por todas as partes com propagandas diversas, horóscopo, mensagens, curiosidades, quiz show, etc… Algumas mensagens eram tão boas que me prontifiquei a anotá-las, por exemplo, esta:

 

’A amizade é uma alma que habita dois corpos e um coração que habita duas almas’ – Aristóteles, 22h40, Rodoviária Tietê, enquanto espero o ônibus da meia-noite para o Rio de Janeiro, André Luís” – escrevi em minha agenda, no exato dia 23/09, domingo.

 

O sentimento era de medo do novo, do desconhecido, do que me esperava pela frente… São Paulo, apesar de toda (má) fama e tudo o que vemos na TV, já não era mais apavorante, inclusive, fui para São Paulo numa das últimas peripécias do PCC, em julho de 2006. Mas eu estava ali, sozinho – quer dizer, com minha mala e minha mochila, esperando o ônibus que me levaria para o Rio de Janeiro, com todo o conceito e pré-conceito que possuía sobre a cidade, com as imagens do filme assistido naquela mesma tarde…

 

Antes comprei um suco natural de abacaxi, tomei todo e desci para a plataforma de embarque era 23h30. Acredito ter visto a atriz global Talma de Freitas nesse local, assim, sozinha, com mochila e  mala como eu… O ônibus chegou, embarcamos. Tudo era muito diferente do que estava acostumado, óbvio, era a primeira vez. A viagem duraria 6 horas, mochila a tira-cola, a mala no compartimento próprio do ônibus.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
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